Construir uma
família com filhos é algo desejado por muitas pessoas e estar fisicamente
preparado para esse momento é fundamental. Diante de um tratamento oncológico
(quimioterapia ou radioterapia), a preservação da fertilidade do paciente é
algo muito importante a ser discutido e planejado com o médico.
O diagnóstico da
doença geralmente deflagra no paciente e, muitas vezes, também no seu (sua)
parceiro (a), um quadro depressivo que compromete o raciocínio sequencial de
cura, qualidade de vida após o tratamento e, consequentemente, a condição de
poder gerar filhos. Um especialista em reprodução assistida poderá ajudar a
entender como sua fertilidade pode ser afetada pós-tratamento e, com isso,
planejar seu futuro reprodutivo.
Preferencialmente,
a preservação da fertilidade deve se r realizada antes do início do tratamento
oncológico, levando em consideração a idade do paciente, o diagnóstico de
câncer existente e a programação prevista.
O uso de quimioterápicos e/ou radioterápicos, independente da dose ou
radiação utilizada, agride as células germinativas, responsáveis pela
fertilidade, que estão nas gônadas (ovários e testículos).
No caso de
pacientes que já foram submetidos aos tratamentos oncológicos ou se encontram
em vigência dos mesmos e que desejam ter filhos, recomenda-se uma avaliação com
o especialista em Oncofertilidade, para que as melhores orientações e
alternativas de tratamentos sejam reveladas.
Entre as técnicas
para a preservação da fertilidade estão: criopreservação de sêmen, embriões,
óvulos, tecidos ovariano ou testicular, supressão da função ovariana e
transposição ovariana. A escolha do método adequado deve ser feita em tempo
hábil e sem prejudicar a saúde do paciente, pelo “expert”.
Após o tratamento
oncológico, a fertilidade é comprometida em 90% dos casos, podendo ser
permanente ou temporária, a depender das doses e tipos de quimioterápicos, dos
gramas de radioterapia utilizada, do tipo de câncer, dos órgãos comprometidos
e, ainda, da resposta de cada indivíduo. Cuidar da fertilidade não é prejudicar
ou adiar o tratamento oncológico, mas permitir que, após a cura, a possibilidade
de ser mãe ou pai seja viável.
Oncofertilidade feminina
As mulheres nascem
com o número total de óvulos pré-determinados em seus ovários e, após a
primeira menstruação, mensalmente, inúmeros folículos presentes no ovário são
recrutados para determinar o folículo dominante que crescerá até atingir a
maturidade e, então, ovular, enquanto os outros entram em atresia e degeneram.
Esse ciclo naturalmente ocorre até que a mulher entre na menopausa e, então,
esgote o número de folículos existentes. Os tratamentos quimioterápicos e
radioterápicos “provocam” uma menopausa precoce, acelerando a atresia folicular
e atingindo os folículos primordiais, causando infertilidade nas pacientes tratadas , que poderá ser definitiva.
Em média, a mulher
leva entre 10 a 15 dias para preservar sua fertilidade, ao obter óvulos ou
embriões, que serão criopreservados, através da técnica de criopreservação de
óvulos ou embriões. O congelamento de embriões é uma técnica consagrada e muito
utilizada para tentativas futuras de gestação. Além disso, há opção do
congelamento de óvulos pela técnica de vitrificação.
Oncofertilidade masculina
Nos homens, a
produção de espermatozoides é quase que
renovada a cada três meses, devido à manutenção e diferenciação que ocorre nas
células testiculares, presentes durante quase toda a vida do indivíduo,
processo conhecido como espermatogênese. Porém, os tratamentos quimioterápicos
e radioterápicos promovem a morte das células testiculares responsáveis pela
espermatogênese, gerando infertilidade, também definitiva.
Para a maioria dos
homens, o tratamento é bem mais simples e, em até cinco dias, podem ser
recolhidas e armazenadas duas ou três amostras de sêmen, que permitem uma
excelente reserva reprodutiva. Em adultos o mais indicado é o congelamento de
sêmen antes do começo da quimioterapia. Já nas crianças, como não há produção
de sêmen, a única alternativa é a criopreservação de tecido testicular.
Dúvidas Frequentes
Fertilidade Masculina
1. Como e quando o paciente poderá saber se é fértil ou não
após o término do tratamento?
Por volta de seis meses após o término do tratamento, o
homem deve colher um espermograma que apresentará as informações necessárias
relativas à concentração, motilidade e morfologia dos espermatozoides, informando
sobre seu potencial fértil.
2. Se a fertilidade não for preservada, existem alternativas
para que ele possa ter filhos futuramente?
Atualmente, existem alternativas medicamentosas que podem
ajudar em um aprimoramento espermático, porém os resultados em homens afetados
por quimioterapia e/ou radioterapia não são muito satisfatórios. Quando
comprovada a morte das células germinativas, a alternativa existente é recorrer
aos bancos de sêmen.
3. Se for realizado o congelamento do sêmen ou tecido
testicular, existe uma data limite para serem utilizados?
Não, tanto o sêmen quanto o tecido testicular não apresentam
tempo limite de congelamento, podendo ficar congelados por muitos anos, sem
prejuízo.
Fertilidade Feminina
1. Mulheres com câncer de mama podem utilizar hormônios para
induzir ovulação e congelar óvulos antes da quimioterapia?
Para mulheres com neoplasias que podem crescer com
hormônios, são realizados alguns cuidados durante o estímulo, como o uso de
medicação que baixa os níveis de estrogênio. Estas mulheres podem congelar seus
óvulos sem repercussão para a doença.
2. Como e quando a paciente poderá saber se é fértil ou não
após o término do tratamento? Existem testes para isso?
No caso das mulheres, o retrato da função ovariana é dado
pela avaliação de testes de marcadores hormonais, como dosagem sanguínea do
hormônio folículo estimulante (FSH), estradiol e hormônio Anti-Mulleriano
(AMH), além de testes ultrassonográficos, como a mensuração do volume ovariano
e a contagem de folículos antrais (AFC). O retorno das menstruações é visto
como um bom sinal, mas não garante retorno da fertilidade.
3. Se a fertilidade não for preservada, quais são as
alternativas para que a mulher possa ter filhos?
Caso a fertilidade não tenha sido preservada e a mulher tenha
entrado em um quadro de insuficiência ovariana pela quimioterapia, pode-se
tentar induzir a ovulação e, caso não haja boa resposta, recorrer ao programa
de doação de óvulos.
4. Se houver falência ovariana (menopausa pelo tratamento),
quais serão os sintomas? Existe tratamento para isso?
Os sintomas da menopausa incluem a ausência de menstruação,
irritabilidade, insônia, secura vaginal, diminuição da libido e ondas de calor.
O tratamento para quem deseja engravidar, nestes casos, é receber um óvulo doado.
Etapas do Programa
• Consulta com médico de reprodução humana especialista em
oncologia, que determina a melhor tática de preservação da fertilidade para
cada caso, após contato com oncologista clínico que trata a paciente;
• Realização de exames e indicação do protocolo a ser
realizado;
• Coleta de óvulos, sêmen, retirada do tecido ovariano,
entre outros;
• Retorno ao oncologista para início do tratamento
oncológico.
FONTE: ONCOLOGIA E FERTILIDADE
Nenhum comentário:
Postar um comentário