sexta-feira, 17 de julho de 2015

Oncologia e Odontologia: Porque o cuidado com a saúde oral é indispensável para o tratamento

   A boca pode ser uma fonte rica em bactérias que são especialmente perigosas para quem vai iniciar o tratamento contra o câncer. A recomendação de fazer uma avaliação odontológica serve para todo paciente oncológico, não somente aqueles com tumores de cabeça e pescoço.


   Um dos fatores a serem avaliados é a presença de algum foco de infecção, que pode ser uma doença periodontal (que atinge a gengiva e todos os tecidos que dão suporte ao dente) ou cáries muito profundas. A consulta é de extrema importância, porque os pacientes que fazem uso de quimioterápicos ficam com o sistema imunológico mais debilitado, e a existência de uma doença periodontal, por exemplo, que o paciente nem sabia que tinha, poderá se agravar e resultar num grande problema, mas também, com leucemias e linfomas. Alguns dentes com mobilidade poderão ser removidos antes de iniciar o tratamento oncológico.

- Efeitos da quimioterapia 
   “Algumas drogas têm a capacidade de afetar a mucosa da boca, causando inflamações e feridas semelhantes a aftas, mas que são chamadas de mucosites, uma das complicações bucais mais comuns durante o tratamento oncológico. Muitas vezes o paciente está debilitado e  não consegue comer, porque sente muita dor. A mucosa é uma proteção, uma barreira protetora, e, quando temos a quebra dessa barreira, há maior chance de infecção por agentes oportunistas. Por isso, na fase de imunossupressão, elas têm maior probabilidade de acontecer”, adverte o dentista Luis Marcelo Sêneda.
   Uma das formas de prevenção da mucosite é a laserterapia de baixa intensidade. O laser é um bioestimulador que auxilia na redução do processo inflamatório, modula a dor e auxilia no processo de reparo do tecido lesado. É importante conversar com seu oncologista sobre essa possibilidade.

- Boca seca durante o tratamento
   Muitas vezes, o paciente em tratamento oncológico precisa tomar remédios para dor (opiáceos) e antidepressivos. Alguns ainda tomam outros medicamentos, porque possuem outras doenças associadas, como pressão alta, diabetes e doença renal. Por conta disso, é extremamente comum surgir um quadro de boca seca (xerostomia).
   “O meio bucal é concebido para estar úmido. Para aliviar esse ressecamento, existem lubrificantes orais que servem tanto para repor quanto para melhorar a lubrificação da boca. Eles estão disponíveis na forma de gel, spray ou manipulado. Além de lubrificante bucal, a saliva promove uma higienização natural nos dentes. O paciente com boca seca tem mais placas bacterianas, o que acumula mais agentes ofensivos e produz mais toxinas, aumentando o risco da mucosite.

- Efeitos da Radioterapia
   “Pacientes com câncer na região da cabeça e pescoço e que são submetidos à radioterapia precisam de cuidados maiores, porque produzem menos saliva. Além disso, como é justamente a região que inclui a boca a ser irradiada, há riscos de desenvolver um tipo de cárie com um efeito colateral tardio, denominada cárie de radiação. Atualmente você vê menos do que há alguns anos, por conta das radioterapias com intensidade modulada, mas ainda é preciso ter muita atenção. Esse tipo de cárie, que atinge a porção entre dentes e gengivas, se desenvolve muito rapidamente e há um enorme risco de o paciente acabar perdendo o dente.” 

Recomendações a serem seguidas durante o tratamento do câncer:

·         Escovar os dentes com pasta contendo flúor;
·         Passar fio dental suavemente;
·         Fazer gargarejos com bicarbonato de sódio;
·         Remover a dentadura e fazer sua limpeza adequadamente;
·         Escolher alimentos que exijam pouca ou nenhuma mastigação;

·         Evitar alimentos ácidos, picantes, salgados e secos.


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