Pelo menos um terço
de todos os casos de câncer pode ser evitado e o alcoolismo está relacionado
entre 2 a 4% das mortes provocadas por esta doença. O risco varia de acordo com
a quantidade de álcool consumida ao longo da vida e aumenta consideravelmente
quando associado ao tabagismo.
O controle do
consumo de bebidas alcoólicas é uma medida preventiva também para várias outras
patologias, como a cirrose hepática, doenças neurais, mentais e gástricas. O
álcool é apresentado como fator de risco em vários tipos de tumores malignos,
listados a seguir:
- Câncer de cavidade
oral, faringe e laringe: Há um aumento comprovado do risco com uso de
álcool, principalmente quando associado ao tabagismo. O álcool pode agir como
um solvente, auxiliando as substâncias químicas prejudiciais do cigarro a
entrarem nas células do trato digestivo e diminuindo a sua capacidade de
reparar os danos no DNA provocados pelo fumo.
- Câncer de esôfago:
O álcool é um forte fator de risco para este câncer, mas o efeito carcinogênico
parece limitado à cerveja e destilados, não incluindo o vinho. O risco aumenta
proporcionalmente com a quantidade de álcool ingerido. O consumo de tabaco e
álcool é relacionado ao carcinoma escamoso de esôfago.
- Câncer de fígado:
O uso prolongado e intenso de álcool é ligado ao aumento do risco de câncer de
fígado, através do dano as células hepáticas, levando à inflamação. Estudos apontam que entre 1% a
2% dos casos de cirrose alcoólica nos Estados Unidos desenvolvem carcinoma
hepatocelular.
- Câncer colorretal:
Oito estudos avaliaram se o consumo de álcool está relacionado ao aumento do
risco de câncer colorretal, com um seguimento entre seis a dezesseis anos. Pessoas que consomem mais de
30g/dia de álcool (cerca de duas doses por dia) possuem risco superior àqueles
que não ingerem álcool.
- Câncer de mama:
Mesmo o consumo de poucas doses na semana (5 a 9,9 g/dia) é ligado ao aumento
de risco de câncer de mama em mulheres, sendo especialmente alto em mulheres
com ingestão baixa de folato, que pertence a família das vitaminas B. Análises
de estudos de 322.647 mulheres, com seguimento de 11 anos, sugerem que mulheres
que consomem 30-60g de álcool por dia têm 40%
de aumento de risco para câncer de mama. O álcool retarda o metabolismo
do estrógeno, aumentando seus níveis com maior exposição do tecido mamário.
- Câncer de pâncreas:
Análises de 32 estudos avaliaram a associação entre álcool e câncer de
pâncreas, com evidências de aumento do risco em etilistas pesados, isto é, pessoas
com consumo superior a três doses diárias.
Qual é a importância
do tipo de bebida?
As bebidas contêm
diferentes quantidades de etanol, mas em geral 350 ml de cerveja, 150 ml de
vinho ou 45 ml de licor contêm a mesma quantidade de etanol. De toda forma, a
quantidade de álcool consumida ao longo do tempo se revela um fator mais
importante no aumento do risco de câncer do que o tipo de bebida.
Como o álcool leva ao
câncer?
O álcool está relacionado ao câncer através de vários
mecanismos:
- Dano tecidual, agindo como um irritante que causa danos no
reparo do DNA.
- Bactérias intestinais podem transformar o álcool em
acetoaldeído que, em laboratório, são carcinogênicos em animais.
- O álcool e seus subprodutos causam danos diretamente ao
fígado, levando à inflamação e cicatrizes e que, consequentemente, causam erros
no DNA durante a tentativa de reparo dessas células.
- O álcool age como solvente, ajudando outras substâncias
prejudiciais, tais como as que são presentes no cigarro, a entrar nas células
com mais facilidade. Isto pode explicar o aumento do risco da combinação de
álcool e cigarro.
- O álcool pode comprometer a capacidade do corpo de
absorver folato dos alimentos, principalmente em etilistas pesados e que não
possuem uma dieta balanceada. Baixos níveis de folato aumentam o risco de
câncer de mama e colorretal.
- O álcool pode aumentar as calorias da dieta, contribuindo
para o ganho de peso em algumas pessoas, sendo a obesidade fator de risco para
muitos tipos de câncer.
Álcool durante e após
tratamento oncológico
O consumo de álcool
durante ou após o tratamento oncológico deve ser discutido com o médico
previamente. Entre os fatores importantes estão: o tipo de câncer, o risco de
recorrência, o tratamento que foi ou que está sendo realizado. Um estudo
prospectivo chamado LACE, que incluiu mulheres com câncer de mama, mostrou que
o consumo de mais de 6g/ dia de álcool aumenta o risco de recidiva e de morte
por este câncer.
Qual a quantidade
recomendada?
As orientações para
prevenção do câncer da Sociedade Americana de Câncer (American Cancer Society)
recomenda o limite de duas diárias para homens e uma dose diária para mulheres
de álcool. Isto não significa que beber uma quantidade grande em poucos dias na
semana seja o indicado. O consumo superior a isso pode levar a pessoa a sérios
problemas de saúde e até sociais.
Alguns estudos têm
remetido essa substância à diminuição do risco de doenças cardíacas, mas
existem formas mais saudáveis de se prevenir tais patologias. As principais
são: não fumar, manter uma dieta pobre em gorduras saturada e o peso ideal,
realizar atividades físicas regularmente, além de controlar a pressão arterial
e colesterol.
Vale destacar que pessoas que apresentem história de
alcoolismo na família e mulheres grávidas nunca deveriam ingerir bebidas
alcoólicas.