A variedade de tons de
esmaltes e batons ou a longa duração de xampus e cremes pode ter um preço: a
composição química, muitas vezes, é prejudicial à saúde.
Uma pesquisa realizada pela
Unicamp desenvolveu uma técnica capaz de detectar, em questão de segundos, os
componentes de alguns produtos de beleza do mercado brasileiro, atualmente o
terceiro maior do mundo.
O resultado apontou a
existência de cosméticos com substâncias alérgicas ou até potencialmente
cancerígenas, e foi publicado no periódico científico “Materials”. As marcas
não foram divulgadas.
Pesquisadores alertam que
três de nove esmaltes investigados continham taxas elevadas de sudam III,
corante que pode provocar câncer. No caso dos batons, eles oxidaram (ou
perderam suas propriedades) antes do fim do prazo de validade, o que pode ter
ocorrido pelo contato com a saliva. Todas as amostras de lápis de olho eram
potencialmente causadoras de irritação ou de infecções.
Outro estudo publicado pelo
Departamento de Química da UFMG mostra que, de 22 tipos de batons no mercado
brasileiro, apenas um, de origem francesa, não continha chumbo.
Nos EUA, foi criada a ONG
Campaign for Safe Cosmetics, em parceria com institutos de pesquisas. Eles criaram um banco de dados de análise de
produtos, como forma de pressionar empresas e governos.
Uma das dicas da ONG é ter
atenção a algumas substâncias descritas nos rótulos. Já Associação de
Consumidores (Proteste), também com base em pesquisas, recomenda: evitar os
protetores solares com benzofenona-3, um filtro químico com potencial
alergênico; xampus infantis com metildibromo glutaronitrilo, também um
alérgico; e esmaltes com dibutil ftalato (substância banida da Europa), além de
nitrotolueno, tolueno e furfural (compostos cancerígenos).
— Em geral, as substâncias
mais problemáticas são os conservantes e os pigmentos. É claro que a
intensidade da exposição influencia no risco de câncer, mas é mais comum que
provoquem alergia — diz o coordenador de testes químicos da Proteste, Carlos
Confort, lembrando que não são substâncias proibidas pela Anvisa. — Nenhuma
empresa estava fora da lei, mas elas contam com tecnologia para produzir
mercadorias que deem mais atenção à saúde. E fica a cargo do consumidor ter
atenção ao rótulo.
Os resultados da Proteste já
renderam a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) as empresas
de esmalte. Em março de 2013, a Anvisa limitou o uso de chumbo apenas à tintura
capilar.
Conservação e uso
A forma de conservação de um
produto e o seu uso também influenciam diretamente na qualidade. Se
inadequados, podem trazer riscos como infecções e alergias.
A professora da Faculdade de
Medicina da UERJ Renata Aranha diz que faltam provas de que as substâncias
presentes nos cosméticos sejam cancerígenas. Para ela, o mais importante é
estar atento à certificação da Anvisa e não deixar de fazer o teste de
sensibilidade:
— É um teste bem popular,
mas até eu já esqueci e fiquei com o rosto todo vermelho e queimando uma vez. O
ideal, portanto, é testar o produto novo numa pequena área, como na mão, antes
de colocar no rosto ou no corpo inteiro — alerta a professora.
O prazo de validade também é
importante, porque os conservantes protegem o produto de bactérias e fungos.
Além disso, compartilhar maquiagem e até esmalte tem seus riscos de
contaminação. Acessórios de manicure são ainda mais perigosos, devendo ser
utilizados somente após a esterilização.
Outros cuidados básicos que
são tão simples quanto eficientes: não deixar o produto exposto ao sol, não
guardá-lo molhado e observar se ocorre mudança de coloração, cheiro ou textura.
Considerações finais
Esmalte - A legislação
brasileira não cita ou limita a concentração no caso destes compostos
cancerígenos citados anteriormente.
Batom e gloss - A Proteste
reprovou o rótulo de algumas embalagens, por terem letras pequenas demais para
ler.
Protetor solar – A aplicação
deve ser feita 15 minutos antes da exposição ao sol e repetida a cada duas
horas. Deve-se usar diariamente no rosto, mesmo com o tempo nublado.
Tintura - Evite as que apresentem
amônia na composição. Além de alérgica, o cheiro forte dessa substância pode
gerar desconforto.
Rótulos em geral - Nem todas
as substâncias estão descritas no rótulo, o que dificulta a verificação. Os
corantes, que devem ser evitados, são identificados pela sigla CI seguida de um
número. A quantidade utilizada não é algo aparente, ficando a cargo de
pesquisas científicas apontarem seus valores. Buscar produtos naturais é uma
forma de evitar alergias.
FONTES: O GLOBO
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