quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Substâncias cancerígenas presentes em cosméticos


A variedade de tons de esmaltes e batons ou a longa duração de xampus e cremes pode ter um preço: a composição química, muitas vezes, é prejudicial à saúde.
Uma pesquisa realizada pela Unicamp desenvolveu uma técnica capaz de detectar, em questão de segundos, os componentes de alguns produtos de beleza do mercado brasileiro, atualmente o terceiro maior do mundo.

O resultado apontou a existência de cosméticos com substâncias alérgicas ou até potencialmente cancerígenas, e foi publicado no periódico científico “Materials”. As marcas não foram divulgadas.

Pesquisadores alertam que três de nove esmaltes investigados continham taxas elevadas de sudam III, corante que pode provocar câncer. No caso dos batons, eles oxidaram (ou perderam suas propriedades) antes do fim do prazo de validade, o que pode ter ocorrido pelo contato com a saliva. Todas as amostras de lápis de olho eram potencialmente causadoras de irritação ou de infecções.

Outro estudo publicado pelo Departamento de Química da UFMG mostra que, de 22 tipos de batons no mercado brasileiro, apenas um, de origem francesa, não continha chumbo.
Nos EUA, foi criada a ONG Campaign for Safe Cosmetics, em parceria com institutos de pesquisas.  Eles criaram um banco de dados de análise de produtos, como forma de pressionar empresas e governos.

Uma das dicas da ONG é ter atenção a algumas substâncias descritas nos rótulos. Já Associação de Consumidores (Proteste), também com base em pesquisas, recomenda: evitar os protetores solares com benzofenona-3, um filtro químico com potencial alergênico; xampus infantis com metildibromo glutaronitrilo, também um alérgico; e esmaltes com dibutil ftalato (substância banida da Europa), além de nitrotolueno, tolueno e furfural (compostos cancerígenos).

— Em geral, as substâncias mais problemáticas são os conservantes e os pigmentos. É claro que a intensidade da exposição influencia no risco de câncer, mas é mais comum que provoquem alergia — diz o coordenador de testes químicos da Proteste, Carlos Confort, lembrando que não são substâncias proibidas pela Anvisa. — Nenhuma empresa estava fora da lei, mas elas contam com tecnologia para produzir mercadorias que deem mais atenção à saúde. E fica a cargo do consumidor ter atenção ao rótulo.

Os resultados da Proteste já renderam a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) as empresas de esmalte. Em março de 2013, a Anvisa limitou o uso de chumbo apenas à tintura capilar.

Conservação e uso
A forma de conservação de um produto e o seu uso também influenciam diretamente na qualidade. Se inadequados, podem trazer riscos como infecções e alergias.

A professora da Faculdade de Medicina da UERJ Renata Aranha diz que faltam provas de que as substâncias presentes nos cosméticos sejam cancerígenas. Para ela, o mais importante é estar atento à certificação da Anvisa e não deixar de fazer o teste de sensibilidade:

— É um teste bem popular, mas até eu já esqueci e fiquei com o rosto todo vermelho e queimando uma vez. O ideal, portanto, é testar o produto novo numa pequena área, como na mão, antes de colocar no rosto ou no corpo inteiro — alerta a professora.
O prazo de validade também é importante, porque os conservantes protegem o produto de bactérias e fungos. Além disso, compartilhar maquiagem e até esmalte tem seus riscos de contaminação. Acessórios de manicure são ainda mais perigosos, devendo ser utilizados somente após a esterilização.

Outros cuidados básicos que são tão simples quanto eficientes: não deixar o produto exposto ao sol, não guardá-lo molhado e observar se ocorre mudança de coloração, cheiro ou textura.

Considerações finais
Esmalte - A legislação brasileira não cita ou limita a concentração no caso destes compostos cancerígenos citados anteriormente.

Batom e gloss - A Proteste reprovou o rótulo de algumas embalagens, por terem letras pequenas demais para ler.

Protetor solar – A aplicação deve ser feita 15 minutos antes da exposição ao sol e repetida a cada duas horas. Deve-se usar diariamente no rosto, mesmo com o tempo nublado.
Tintura - Evite as que apresentem amônia na composição. Além de alérgica, o cheiro forte dessa substância pode gerar desconforto.


Rótulos em geral - Nem todas as substâncias estão descritas no rótulo, o que dificulta a verificação. Os corantes, que devem ser evitados, são identificados pela sigla CI seguida de um número. A quantidade utilizada não é algo aparente, ficando a cargo de pesquisas científicas apontarem seus valores. Buscar produtos naturais é uma forma de evitar alergias. 

FONTES: O GLOBO

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