sexta-feira, 24 de abril de 2015

Como Morrer Bem

Este singelo artigo não é somente para médicos ou profissionais de saúde, não é só para leigos e sim para todos nós, pois se trata de um tema candente, pontual e filosófico.

No Terceiro Mundo, somos muito maltratados quando chegamos perto do fim ou na situação de últimos dias, principalmente portadores de doenças crônico-degenerativas, como por exemplo, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência renal crônica, entre outras.

A principal causa de mortalidade por doença no século 21 será o câncer, em geral, que tem uma evolução clinica arrastada, lenta e no seu período final será causador de muita dor e sofrimento para o seu portador e toda sua família.

Para quem não sabe, o Brasil é o pais do mundo com o menor consumo de morfina para tratamento da dor oncológica, que acomete o enfermo de forma lancinante. Sendo assim, todos podem mensurar a gravidade de tudo isso.

A Medicina Paliativa (MP) e a Medicina Paliativa Oncológica (MPO) já existem há alguns anos no Primeiro Mundo como especialidade médica. Hoje, no Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) as reconhece como área de atuação, o que provoca uma ausência no dia a dia do cidadão e causa sofrimento tremendo no ato de morrer.

A população brasileira e latino-americana não convive nada bem com doenças crônicas. Mas não teremos alternativa, já que há sérios estudos epidemiológicos que garantem que a cada três pessoas uma pessoa terá algum tipo de câncer e que esta será a causa de morte.

O conceito de terminalidade ou de paciente fora de possibilidades terapêuticas (FTP) é aquele paciente com qualquer doença que não pode ser contemplado com tratamento curativo, pois sua perspectiva de sobrevida não ultrapassa seis meses. Sendo assim, todo o seu tratamento paliativo e o segredo deste é o controle de sintomas.

Quantos e quantos pacientes de câncer, ou mesmo de doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência renal crônica, estão em UTI e que são FTP?  Seu estádio é final, sem chance de cura, com gastos enormes que poderiam ser direcionados para pacientes curáveis.

Por isto, é urgente a inserção deste conceito de Medicina Paliativa e Medicina Paliativa Oncológica na sociedade civil organizada para termos o devido acesso ao Como Morrer Bem.

(*) Ricardo Teixeira – Oncologista Clínico, Hematologista Clínico; Diretor Médico da Clínica OncoHemato – Rio de Janeiro-RJ; Mestrado em Medicina Paliativa pela Universidade Autonoma de Madrid-Espanha; “Fellow” do Instituto Oncológico do Hospital Geral Universitário Gregorio Marañón da Universidade Complutense de Madrid-Espanha.



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